sábado, 5 de julho de 2014

MULHERES NA POLÍTICA DE SÃO MIGUEL

As Eleições de 2014 estão se aproximando e constantemente temos acompanhado através dos meios de comunicação um comercial muito interessante que fala sobre a baixa participação da mulher na política e as conclama para fazerem parte da construção de fato de nosso país. A participação da mulher na política é recente. Somente a partir do ano de 1932, no Governo de Getúlio Vargas ela adquiri o direito de votar e ser votada.  Inspirada por este comercial e aliado ao meu gosto pela pesquisa iniciei um trabalho de coleta de dados sobre a presença da mulher filiadas aos partidos políticos, sua participação nas eleições como candidatas, número de mulheres eleitas e quantidade de votos recebidos nas eleições municipais de São Miguel do Guamá nos de 1996, 2000, 2004, 2008 e 2012  comparando isso aos homens considerando as mesmas características. Com base nesses dados pude perceber que realmente, a mulher ainda ocupa pouco espaço dentro deste mundo que ainda pode ser considerado fundamentalmente masculino tendo como base nosso município. Acompanhe os dados:
QUADRO 1- QUANTIDADE DE ELEITORES POR SEXO NAS ELEIÇÕES
ANO
MASCULINO
FEMININO
NÃO INFORMADO
TOTAL
1996
10.641
9.423
12
20.186
2000
11.136
10.365
96
21.597
2004
13.122
13.009
75
26.206
2008
14.743
15.011
59
29.813
2012
16.768
17.256
51
34.075

       Neste primeiro quadro podemos perceber que nas 02 (duas) últimas eleições (2008 e 2012) o número de eleitores do sexo feminino superou o do sexo masculino no entanto, quando veremos mais adiante isso não se reflete no voto, pois os candidatos homens continuam sendo os mais votados o que reflete na composição da Câmara Municipal que em sua maioria é masculina.
QUADRO 2- PARTIDOS E FILIADOS POR SEXO EM SÃO MIGUEL
PARTIDO
FILIADOS MASCULINOS
FILIADOS FEMININOS
TOTAL
DEM
131
85
216
PC DO B
33
28
61
PDT
330
227
557
PMDB
519
291
810
PMN
14
05
19
PP
129
54
183
PPS
50
26
76
PR
97
48
145
PRB
09
05
14
PROS
01
01
2
PRP
01
01
2
PSB
62
50
112
PSC
36
33
69
PSD
43
35
78
PSDB
171
62
233
PSDC
01
0
1
PSL
16
14
30
PSOL
32
10
42
PSTU
04
0
4
PT
66
11
77
PTB
23
22
45
PTC
0
01
1
PV
44
20
64
SDD
02
0
2

     FONTE: www.tse.jus.br
               Neste quadro podemos perceber que o número de mulheres filiadas não é pequena, em alguns partidos chega a ser quase igual ao número de homens. No entanto a predominância nas filiações continua sendo masculina.
        Comparando o número de mulheres filiadas com o quadro abaixo pode-se perceber que o número de candidatas é bem abaixo do número de homens. Tais dados nos faz levantar a hipótese de que as mulheres que se candidatam geralmente assim o fazem apenas para contribuir com seus partidos no que se refere a lei eleitoral nº 9.504/97, Artigo 10, §3º, que dispões sobre a cota eleitoral de gênero criada com  o objetivo de mudar esse cenário político obrigando a ampliação e a participação das mulheres enquanto candidatas. Alterado pela reforma eleitoral de 2009 (Lei 12.034/09), o dispositivo dispõe que “Do número de vagas resultante das regras previstas (...), cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”
QUADRO3- QUANTIDADE DE HOMENS E MULHERES CANDIDATOS
ANO
HOMENS CANDIDATOS
MULHERES CANDIDATAS
TOTAL
1996
57
13
70
2000
62
22
84
2004
55
18
73
2008
64
10
74
2012
101
46
147

 

 

 

Fonte: www.tse.jus.br 
        Ou seja, as candidaturas de mulheres em sua maioria são apenas para efeito de números e preenchimento de vagas. Geralmente elas não participam ou não entram para realmente participar da disputa eleitoral. O que acaba refletindo nos dados apresentados no quadro abaixo onde os homens são a maioria a assumir cargos na Câmara Municipal de São Miguel do Guamá nas 05 (cinco) últimas eleições assim como são os que mais recebem votos tal como é apresentado no Quadro 5.
QUADRO 4-QUANTIDADES DE HOMENS E MULHERES ELEITOS (AS)
ANO
HOMENS ELEITOS
MULHERES ELEITAS
TOTAL
1996
09
02
11
2000
08
03
11
2004
08
01
09
2008
09
0
09
2012
12
03
15

 

 

QUADRO 5- TOTAL DE VOTOS VÁLIDOS RECEBIDOS POR CANDIDATOS HOMENS E MULHERES NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 1996 A 2012
ANO
VOTOS EM CANDIDATOS HOMENS
VOTOS EM CANDIDATAS MULHERES
TOTAL
1996
9.691
1.954
11.645
2000
11.829
2.858
14.687
2004
16.558
3.111
19.669
2008
16.590
2.039
18.629
2012
19.576
6.084
25.660

 

 

 
         Tais dados confirmam portanto o que já havia sido constatado por Alves (2012) que muitos partidos, a fim de regulamentar a legislação, acabam por protocolar mulheres “laranjas” que não recebem recursos nem visibilidade partidária, servindo apenas para compor a lista, o que acaba por  resultar em sua derrota eleitoral e consequentemente a ocupação de vagas em sua ampla maioria por homens.
          Daí a importância de chamar as mulheres para que entrem realmente pra valer nessa disputa e não apenas para compor chapas pois nós também temos direito a lutar para participarmos da construção de nosso país, estados e municípios. Afinal, onde esta a igualdade e o reconhecimento pelo qual sempre lutamos!
          Vale ressaltar, antes de ser mau interpretada, que este não é um discurso feminista é apenas uma análise baseada em dados retirados diretamente do Tribunal Superior Eleitoral e que comprovam tudo o que fora aqui dito. Além de que acho de fundamental importância que homens e mulheres estejam juntos, de forma igualitária, considerando a quantidade, em cargos que são de fundamental importância para o bem estar da maioria.
REFERÊNCIAS
  • ALVES, José Eustáquio Diniz, e CAVENAGHI, Suzana Marta. Mulheres sem espaço no poder: análise do déficit democrático de gênero nas eleições municipais de 2004 e 2008. 61ª Reunião Anual da SBPC, 2009, Resumos de Comunicações Livres - ISSN: 2176-1221.
  • ARAÚJO, Clara. Partidos políticos e gênero: mediações nas rotas de ingresso das mulheres na representação política. In: Revista de Sociologia e Política, n. 24, 2005.
  • ARAÚJO, Clara. Rotas de ingresso, trajetórias e acesso das mulheres ao legislativo – um estudo representação política. In: Revista de Sociologia e Política, n. 24, 2005.
  • ARAÚJO, Clara (2009). Gênero e acesso ao poder legislativo no Brasil: as cotas entre as instituições e a cultura . In: Revista Brasileira de Ciência Política, no 2. Brasília, julho-dezembro de 2009, pp. 23-59.
  • www.tse.jus.br (acessado em 27/06/2014)

 

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