§ 8º . A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais."
A prática de
uso de filmes em sala de aula é tão antiga quanto os videoplayers e suas fitas.
Talvez você seja um professor mais novo e tenha vivenciado somente a fase do
DVD player e dos DVDs discs e agora do Blu-ray.
O fato é que
muitos são os momentos em que os filmes “comerciais” aparecem como elementos
pedagógicos no contexto escolar.
Porém,
apesar de ser um “velho conhecido” de todos, ainda existem equívocos, tabus e
muito desconhecimento acerca desta valiosa prática pedagógica.
Os filmes
são potentes recursos audiovisuais, que por meio do enredo, da trama, dos
personagens, do lúdico, podem, quando utilizados de modo correto, promover
excelentes experiências de aprendizagem! Trabalham com nossas experiências e
emoções, abordando diferentes linguagens: falada, visual, musical e escrita.
Quando falamos em usar corretamente, é importante entender que:
a) A prática da projeção do filme em ambiente escolar deve estar
alicerçada no planejamento de ensino. Não adianta levar os alunos para a sala
de TV ou o vídeo para a sala sem definir exatamente o conteúdo que se deseja
trabalhar.
b) O professor deve assistir ao filme com antecedência, marcando
as partes, os elementos, as cenas que exemplificam e vivenciam o conteúdo
pedagógico proposto, de modo a apontar estes itens durante a execução do filme.
c) Muitas vezes, não se faz necessário que o docente e os alunos
assistam ao filme inteiro. Podem-se selecionar os trechos mais significativos que
ilustrem e esclareçam a temática em questão.
d) Salvo em época de colônia de férias e para ambientes de
educação infantil, o filme em sala de aula não é diversão ou passatempo.
Desmistifique isso com seus alunos.
e) Prepare seus alunos para o filme. Em sala de aula, comente
quais conteúdos pedagógicos serão “vistos” na projeção em questão, qual o
período histórico, os elementos importantes e os vestuários.
f) O item anterior fica totalmente revogado se a sua intenção for
surpreender os alunos. Permita que assistam ao filme sem nenhuma orientação e
depois retome o assunto em sala de aula, de modo a perceber qual a visão do
grupo sobre o assunto, os conhecimentos anteriores que possuem e retome o
conteúdo com base nas questões apresentadas por eles.
g) Todo mundo gosta de ver o filme. Isso é uma verdade
incontestável. Portanto, assegure que o tamanho da tela da TV seja adequado e
garanta a visibilidade do grupo todo. A mesma dica vale para o som. Do primeiro
ao último aluno, todos devem estar ouvindo bem. Muitas vezes, os professores
reclamam de indisciplina durante as projeções, mas ela pode ser causada pelo
fato de que eles, simplesmente, não conseguem ler as legendas ou visualizar a
televisão...
h) Alguns docentes solicitam o preenchimento de uma ficha técnica
do filme durante a execução dele. O recurso é válido, desde que os alunos
tenham condições de preencher tal ficha... Há luminosidade? Há carteiras e
cadeiras adequadas?
i) Os filmes apresentam erros conceituais? Ótimo! Aproveite a
oportunidade para esclarecer o ponto em questão e também para desenvolver o
senso crítico dos alunos, mostrando que nem tudo que está na TV, no filme, no
comercial é correto e verdadeiro!
j) Nem só de filmes “prontos” vive a escola quando se fala em
recurso audiovisual! Você pode utilizar comerciais, programas televisivos
gravados, filmes disponíveis na internet como os disponibilizados para download
no portal da Petrobras, além de solicitar que os alunos produzam seus próprios
filmes!
k) Curta o momento com seu grupo! Vale todo mundo no chão, com
almofadas, pipoca e aquele clima de aconchego que todo mundo gosta de vivenciar
e não esquece nunca!
COMO REALIZAR ESTA ATIVIDADE NA ESCOLA
1. É fundamental fazer o
planejamento da atividade
Antes de exibir um filme para os
alunos, é necessário realizar um planejamento. Segundo Cláudia Mogadouro, é
importante que o professor escolha uma obra que leve em conta o repertório dos
alunos. Em alguns casos, o educador deve preparar uma aula introdutória para
que a classe consiga ter uma compreensão maior sobre o contexto do filme.
2. O tempo da aula deve ser
levado em conta durante a escolha do filme
De acordo com Ribeiro Junior, o
professor precisa escolher um filme que se encaixe no seu horário de aula. Em
muitos casos, os curtas podem ser uma boa alternativa. No entanto, para a
pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, os longas também podem
ser exibidos com um planejamento adequado. Segundo ela, alguns filmes têm
conteúdos interdisciplinares que podem ser trabalhados durante diferentes
aulas.
Se o tempo não for suficiente, o
professor pode dividir o conteúdo em duas aulas ou apenas selecionar alguns
trechos. No entanto, para fazer isso ele deve prestar muita atenção. “Alguns
filmes podem ser cortados; outros, não”, advertiu Cláudia, ao destacar que existem
casos que necessitam a exibição da obra completa para não perder a unidade do
roteiro. Em histórias que envolvem suspense, por exemplo, uma quebra pode ser
prejudicial.
3. A exibição deve ser
acompanhada de um debate
Após exibir o filme, uma boa sugestão
é fazer uma discussão sobre a obra com os alunos. “O debate é fundamental para
a construção do conhecimento”, defendeu a doutora e pesquisadora Cláudia
Mogadouro. Se não sobrar tempo para realizar esse debate, o educador pode
levantar algumas questões de reflexão e retomar o conteúdo na próxima aula.
Para técnico de laboratório
audiovisual da UFSCar, o debate não precisa envolver apenas questionamentos
relacionados ao conteúdo do filme. Ele pode estabelecer relações com as
matérias trabalhadas em sala de aula. Além disso, também é possível usar a obra
para fazer uma discussão sobre a própria linguagem audiovisual, observando a
estrutura narrativa, construção do roteiro, cenas e planos de filmagem.
4. As obras audiovisuais podem
proporcionar releituras
“O filme é uma obra que tem
muitas camadas de leitura. Ele pode ser utilizado para trabalhar com uma série
de desdobramentos”, apontou Cláudia. Dentro dessa perspectiva, os educadores
podem propor atividades como a reprodução de cenas do filme e a criação de
trabalhos de artes plásticas
Baseado em experiências dos
projetos desenvolvidos pela UFSCar dentro de escolas da região, o pesquisador
Ribeiro Junior também apontou a possibilidade dos alunos produzirem seus
próprios conteúdos audiovisuais. “Isso representa uma forma dos estudantes se
apropriarem da linguagem audiovisual”, pontuou. “A participação pode contribuir
para a formação de uma visão mais crítica.”
5. A escolha dos filmes deve
levar em conta a classificação indicativa
Antes de exibir um filme, os
professores devem olhar a classificação indicativa e observar se o conteúdo
está adequado para a faixa etária dos seus alunos. Segundo Cláudia, isso também
é um instrumento de segurança para o educador. Caso os pais façam alguma
reclamação sobre o filme, o professor tem como afirmar que usou os
parâmetros de classificação etária do Ministério da Justiça.
6. As atividades não devem
adquirir o peso de uma obrigação
As atividades propostas pelos
professores não devem criar nos alunos experiências traumáticas com os filmes.
Em nenhum momento a atividade deve adquirir o peso de uma obrigação. ”Se você
apresentar a proposta como um dever de casa, assistir o filme se torna uma
tarefa chata”, afirmou Cláudia. Segundo ela, quando o professor pede uma redação
sobre a mensagem do filme, por exemplo, ele acaba limitando o aluno de dar a
sua opinião e o seu ponto de vista sobre a obra, pois isso passa uma ideia de
que só existe uma resposta correta.
“Cada um vai sentir o filme de
forma diferente. O audiovisual é polissêmico”, explicou. De acordo com ela,
antes de propor qualquer atividade é ideal fazer um debate para mostrar para os
alunos que cada um pode ter uma opinião diferente sobre o filme e que existem
muitos caminhos para entender a obra.
7. As sessões de cinema também
podem ser realizadas fora do horário de aula
Além da exibição de filmes nos
horários de aula, Djalma Ribeiro Junior também mencionou a possibilidade dos
professores se organizarem para desenvolver projetos de cineclubes na escola.
Segundo ele, esses projetos ajudam a criar um ambiente de diálogo que incentiva
o interesse dos alunos. Eles podem selecionar diversas obras para exibições e
discussões dentro da escola. Esses projetos também podem ser abertos para toda
a comunidade, integrando pais e moradores locais.
Para saber mais
Para os professores que desejarem
buscar mais informações sobre o tema, podem ser consultados alguns sites como: Porta Curtas, Portal do Professor, Tela Brasil, Cineduc, Net Educação e Cinead.
FONTES: REVISTA NOVA ESCOLA;
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